Batem leve, levemente, como quem chama por mim…
Será chuva? Será gente?
Gente não é certamente e só um Doxa bate assim…
É talvez a ventania, mas há pouco há poucochinho,
Era apenas um laranja Professional
Mas encontrei também um Sharkhunter no caminho.
Será chuva? Será gente?
Gente não é certamente e só um Doxa bate assim…
É talvez a ventania, mas há pouco há poucochinho,
Era apenas um laranja Professional
Mas encontrei também um Sharkhunter no caminho.

Estudos de exposição e de incidência de luz do Doxa Sub 300T.
Afinal, que loucura está a ser esta? Será deslumbre? Será paixão? Não faço ideia, mas que padeço de algo grave, isso é inegável. No espaço de poucos meses o meu Doxa SUB 300T Professional ganhou um companheiro de seu nome SUB 300T Sharkhunter mas antes de começar, as minhas desculpas a Augusto Gil pela adulteração da sua belíssima Balada de Neve que usei na entrada.
Passo muito tempo rodeado de relógios, seja a fotografá-los, seja a pesquisar sobre eles. Não sou facilmente permeável às últimas novidades e sou de amores fixos e teimosos.
Por outro lado – e para além das características técnicas que procuro num relógio – se não sentir que o seu design tem uma capacidade relevante para resistir à passagem do tempo também não me deixo seduzir por uma estética que, por mais cativante que seja, sei de antemão que se tornará rapidamente datada.
A decisão pelo SUB 300T Professional como primeiro Doxa foi inevitável. Conhecia a marca e os relógios, já os tinha visto, analisado, fotografado e experimentado, tendo a escolha recaído no clássico laranja. Admito que há anos que falo em ter um Doxa e se a compra ainda não tinha sido efetuada, foi mais por preguiça do que outra coisa. Não quero com isto armar-me em financeiramente descomprometido pois não o sou. Cada compra envolve poupança ao longo do tempo no entanto neste mundo em que os preços parecem manter a sua tendência crescente – e absurda até, em certos casos – este clássico da relojoaria ainda tem um PVP que permite sonhar.
Por outro lado sou comodista e em certos momentos mais ansioso do que uma criança no dia de Natal. Gosto de escolher, comprar, ajustar imediatamente a correia ou bracelete e sair do local com o relógio novo no pulso. Foi precisamente esse um dos fatores que me levou a decidir pela compra na Watch Garage, pois é um serviço chave na mão com a preciosa ajuda do Atelier do Relógio.


Mas avancemos, pois os dias e semanas seguintes foram de puro usufruto vaidosamente egoísta. Fotografei o meu novo Doxa, fiz clipes de vídeo, fiz posts, stories e o diabo a sete e só parei devido ao número crescente de ameaças que recebi para me calar de vez com o Doxa laranja, pois já ninguém tinha paciência para me aturar.
A grande verdade é que fiz a escolha certa. Tenho a certeza de que todos já colocámos um relógio no pulso e tivemos a sensação de que algo batia totalmente certo. Pois é isso que sinto ao usar o Doxa SUB 300T.
Pouco tempo depois, seguiu-se a compra da variante SUB 300T Sharkhunter e, sendo Sharkhunter, já sabemos que tem o mostrador preto. A Doxa designa cada cor de mostrador de um modo especial mas transversal a todas as coleções: Professional (laranja), Sharkhunter (preto), Divingstar (amarelo), etc.


Cada um tem o seu espírito. O SUB 300T Professional é um clássico; o Sharkhunter é claramente mais discreto mas mais poderoso ao olhar. Tenho passado horas, como disse, a criar conteúdos visuais dos meus dois novos meninos e queria partilhar algumas ideias fotográficas que explorei em tardes chuvosas.
Em cima podem ver exemplos usando uma corda marítima que se pode comprar na Decathlon, por exemplo. Existem em diferentes espessuras e cromatismos, mas a característica que mais aprecio é a sua semi-rigidez. É uma corda que se pode quase moldar sendo perfeita para suportar o relógio e, ao mesmo tempo, permitir pequenos ajustes na sua posição.
Usei um tecido castanho-escuro como fundo e pouca profundidade de campo que fui testando e ajustando na própria câmara até obter os resultados desejados.
Após essa sessão, que considero uma ideia válida para futuras experiências, decidi fazer algo quase minimalista: o relógio e simplesmente um tecido. Optei por experimentar com napa ligeiramente texturada e uma luz muito suave, realçando apenas certos detalhes da imagem. Os resultados conseguidos não me desagradaram e assim ficou mais uma sessão de experimentação que pode vir a ser recuperada no futuro.





Neste ponto, o Instituto do Mar e da Atmosfera anunciava a tempestade Jana a chegar a Portugal continental e, se vem tempestade, então tenho que fazer um bule de chá e fechar-me no estúdio a fotografar. Okay, de novo de roda dos Doxa, mas que mais podia eu fazer com eles?
Passo muitas vezes por uma enorme árvore-da-borracha que há perto de minha casa. As folhas são grandes, lindas e sempre desejei fazer algo com elas mas nunca consegui realmente resultados positivos. Com a tempestade Jana a chegar fui até à dita árvore, arranquei meia dúzia de folhas e voltei para casa para mais um ensaio fotográfico.
Ponto prévio: lavar as folhas, sobretudo o caule, para que fiquem limpas de seiva, não secar totalmente mas deixar alguma água pois a luz, ao incidir criará picos de luz interessantes. Uma coisa a ter em atenção é que as folhas da árvore-da-borracha são muito escorregadias o que torna a montagem de cada cenário num processo moroso e um teste ao Zen de cada um. Quantas vezes, imediatamente antes de tirar uma fotografia, todo o cenário desliza e sai de posição obrigando a recomeçar do zero!
Nessa tarde desesperado pela morosidade da montagem dos cenários apenas fiz duas imagens que apresento de seguida. A primeira imagem correspondia ao que imaginava: um fundo verde-escuro, umas ligeiras gotas e altas luzes causadas pela água nas folhas mas mantendo o Doxa Sharkhunter com o aço totalmente protegido de cromatismos verdes parasitas. A coisa parecia bem encaminhada e montei o segundo cenário, no qual propositadamente coloquei uma folha diretamente por cima do relógio para tentar captar então alguns reflexos verdes projetados no aço da caixa e da bracelete.
Iluminando a tal folha que coloquei por cima do relógio com a softbox, apenas causava sombra. O que eu precisava era de uma fonte de luz muito dura e muito mais dirigida, por isso, rapidamente peguei numa lanterna e fiz passar a luz através da folha. Aí sim, já conseguia que a luz projetasse os reflexos cromáticos verdes no aço do relógio. Não gostei tanto desta segunda imagem; achei que ficou triste e nem o relógio saiu devidamente favorecido, nem o efeito que tinha em mente foi satisfatoriamente concretizado.


Veio o segundo dia da tempestade Jana e com ele um novo alento para voltar a tentar usar as folhas da árvore-da-borracha. Usando uma luz suave para a iluminação geral, os detalhes mais coloridos das folhas foram conseguidos com o meu Godox SLB60, sem qualquer difusor. É uma fonte de luz portátil que já me salvou algumas vezes e quando usado "puro", sem difusores é de uma intensidade fantástica.
Consegui os reflexos verdes no SUB 300T Sharkhunter e um ambiente com altas luzes e sombras carregadas no SUB 300T Professional combinando os dois tipos de luz. O processo é moroso, estabelecendo-se primeiro a posição de todos os elementos, depois a colocação da luz suave geral e, por fim, a colocação da luz dura mais dirigida.




Para os interessados recomendo uma vista à Watch Garage para ver e sentir a coleção Doxa e para os mais pacientes aqui ficam alguns links para os clips de vídeo que fiz.