De tempos a tempos as fundações da Baixa Pombalina são abaladas por fenómenos naturais e também por outros, estes, causados pelo homem. É o caso da abertura da G-Shock Pop Up Store na Rua de São Julião.
Não será necessário relembrar que se há marca que provoque sempre emoções muito especiais será a G-Shock. Apelando a um espectro de apaixonados que transcende gerações, profissões e geografias a G-Shock está umbilicalmente ligada a algo mais que a relojoaria, está ligada à cultura urbana moderna, à juventude e a um espírito de rebeldia.
Pois bem, não quero dissertar sobre a marca ou o seu impacto mas quero dizer que durante uma manhã pude tratar a pop up store como se fosse uma caixa de chocolates especial. Já tinha estado presente na inauguração, a convite do meu caro amigo Hugo Silva da Casio Portugal, e foi-me sugerido que voltasse uns dias depois para uma sessão a sós com os meus “chocolates” preferidos daquela deliciosa caixinha pop up.
Mesmo como profissional não é fácil ter a possibilidade de ver reunidos à minha frente modelos tão especiais e foi mesmo a primeira vez que peguei em alguns deles com estes olhos que a terra há-de comer!
G-Shock/BAPE collaboration
O primeiro a chegar-me às mãos foi a edição de colaboração entre a G-Shock e a BAPE (A Bathing Ape), a marca de culto uber hype de roupa e calçado. O padrão que se prolonga da correia para a caixa típico da BAPE e o aro interior dourado são detalhes que se destacam. Vem com estojo da edição limitada e uma correia extra em padrão militar.
Mereceu quanto a mim uma captura especial, apesar de trabalhosa, realçando o aro interior. Sub exposição da imagem com incidência de luz num ângulo especial cortada por um difusor.
A integração do padrão da correia de origem com os sulcos vazados na caixa são outros dos detalhes interessantes.
Delicioso primeiro chocolate que só pode ser visto aqui!
Rui Hachimura signature G-Shock
Em parceria com a estrela de basquetebol Rui Hachimura esta edição de luneta metalizada e mostrador dourado é um daqueles modelos que gosto de chamar "camera candy". Delicioso de se fotografar.
O padrão do mostrador replicando um campo de basquetebol num mostrador bastante tridimensional e o efeito do jogo cromático com o dourado/acobreado quente em contraste com o negro da caixa e da correia tornam-no super cool.
Nunca tinha visto o G-Shock Rui Hachimura ao vivo.
Limited Edition PORTER Collection Bag Set
Para celebrar os 40 anos da G-Shock a marca lançou uma edição em parceria com o fabricante Japonês de "hand bags", Porter. De todos os relógios este é sem dúvida o mais difícil de fotografar. O correcto será dizer que o acabamento deste modelo é invulgar ao ponto de achar que ao vivo funciona muito melhor do que em fotografia. Sendo um modelo "all metal", a G-Shock optou por um coating negro na caixa e bracelete o qual desgastou através de outro acabamento posterior.
O resultado são superfícies visualmente irregulares como pretendido pela marca mas que é melhor compreendida com a peça em mãos do que através de imagens estáticas. Este é daqueles modelos que vale realmente a pena ver no pulso. Ah! Acrescente-se que é acompanhado de um "hand bag" Porter!
GM-700G-9A / GM-700-1A
Quanto a mim será dos mais barrocos exemplares actualmente comercializados pela G-Shock. É grande, tem um aspecto imponente, é tudo menos tímido no pulso e é definitivamente um relógio com um design único mesmo dentro do catálogo de uma marca que não se faz rogada na altura de experimentar novos visuais e variantes cromáticas.
São duas opções, dourado e prateado de mostrador profundo como eu gosto e o design das "garras" às 12, às 3 e às 9h lembra-me sempre um mecanismo de acoplagem espacial prendendo o mostrador.
Os famosos MRG
De todos os chocolates da caixa chegámos aquele compartimento especial onde estão meia dúzia de preciosidades mesmo únicas. Sempre que falo a alguém da linha MRG as reacções costumam ser idênticas - surpresa e questões, muitas questões.
E se de repente uma marca que fez toda a sua história criando os mais resistentes relógios da humanidade a um preço acessível lançasse uma linha de relógios a um preço que oscila entre os 3.000€ e os 8.000€?
Como é que se justifica essa decisão em termos de marketing?
Será um desrespeito da marca perante a sua "fan base"?
Digo eu que em termos de marketing a decisão de ter uma coleção MRG é pouco menos que brilhante. Em 2019 tive a oportunidade de ser guiado numa visita ao stand da G-Shock durante Baselworld, entretanto extinta, e pude ver em detalhe os passos que a marca estava a dar na exploração de novos materiais e acabamentos. Foi uma espécie de nada a esconder, antes pelo contrário mostrando o resultado da pesquisa e desenvolvimento da G-Shock na busca de soluções sempre mais resistentes.
Muito bem e que tem isso a ver com o marketing da linha MRG?
Imaginemos que a G-Shock é uma marca automóvel, então a linha MRG é o departamento de Fórmula 1 com a diferença de que estes podem ser comprados. Os MRG usam os melhores materiais em ligas que é preciso ir buscar um manual de química para as compreender. São feitos meticulosamente com os melhores acabamentos e as mais recentes soluções técnicas de robustez. Como em todas as equipas de Fórmula 1 os avanços tecnológicos acabam por ser utilizados nos carros de produção. O mesmo se passa na G-Shock.
A coleção MRG credibiliza todas as outras coleções porque todas, em dado momento, irão beber dos avanços deste seu departamento exclusivo.
- Ah sim mas eu nunca na vida dava esse valor por um G-Shock!
Mais uma vez acho que para a G-Shock o peso comercial dos MRG nas suas contas é irrelevante. É uma demonstração de poder técnico e de "savoir-faire". É o pegar em todos os conceitos da marca e fazer o melhor relógio possível.
Se mexe comigo?
Sim sem dúvida. Das minhas muitas patologias do foro psicológico tenho esta obsessão pela precisão e o apelo dessa precisão absoluta seja através de indicação digital ou através de ponteiros seduz-me fortemente daí que veja o quartzo como alternativa séria. Ter um MRG é ter o que melhor a G-Shock faz a todos os níveis, o tal fórmula 1.
Libertando-nos das questões do preço, do gosto ou do se comprava ou não, deixo esta questão: se a G-Shock faz o que faz nas suas coleções, das de entrada aos all metal, Frogman, Mudmaster, etc, imaginem então como será um MRG!
A todos os que visitarem a G-Shock Pop-Up Store peçam para ver a exposição MRG, irão fazê-los gostar ainda mais dos vossos G-Shocks.
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G-Shock Pop-Up Store
Rua de São Julião, 136 - Lisboa
Até 31 de Dezembro de 2024