No dia 7 de Dezembro foi oficializada a representação da Doxa em Portugal por parte do meu estimado amigo André Sampaio no seu espaço Watch Garage. Um alinhamento dos astros relojoeiros com muita vontade e determinação à mistura permitem agora que os icónicos relógios da marca suíça estejam já ali ao alcance de uma vista.
Repito-me quando falo na Watch Garage mas passo a passo e de modo sustentado tornou-se no local de culto mais charmoso da relojoaria nacional. A representação da Doxa após a já anunciada Kuoe são pérolas acrescentadas ao espaço concebido e gerido por André Sampaio com paixão, conhecimento e bom gosto.
Confesso que sempre fui admirador da Doxa e para não variar tudo começou com o SUB 300T cor de laranja, designado Professional. Com o seu design característico e quase imutável ao longo das décadas reforçando o acerto desde a sua criação, os relógios Doxa são um testemunho actual à modernidade revelada pela marca em 1969 quando lançou o supra citado SUB 300T.
O André Sampaio partilha comigo a mesma paixão pela Doxa e quando me deu a notícia de que a iria representar não houve hesitação da minha parte.
Fui tomado de assalto pela paixão laranja e que melhor maneira de dar as boas-vindas à marca e à sua presença na Watch Garage do que adquirir uma peça há muito na minha lista de desejos.
– Se puderes guarda-me um SUB 300T laranja com correia em cauchú laranja!
O dia chegou e com bastante expectativa segui a rotina habitual aquando das minhas idas à WG. Levantar cedo, apanhar o combóio em Santa Apolónia, dormir o caminho todo e acordar em Gaia Devesas. Desta vez e tal qual uma criança que vai buscar o seu novo brinquedo dei-me ao trabalho de captar a aventura para minha memória futura e que pode ser vista aqui.
Homem vê relógio, homem pega no relógio, homem ama o relógio, homem vai pedir ao Pedro do Atelier do Relógio que lhe ajuste a correia, homem feliz!
Como curiosidade só o ajuste da correia foi uma aventura por si só com bisturis partidos e várias tentativas para encontrar a melhor maneira de cortar o cauchú e que pode também ser vista aqui. Segundo o Pedro, técnico responsável pelo Atelier do Relógio, na sua avaliação especializada: este cauchú é duro que dói!
No final de um dia bem passado em que a Doxa foi dona e senhora de todas as atenções mas em que os modelos da Kuoe também me ficaram no radar, voltei pra casa feliz e vaidoso com o meu novo relógio. A lua-de-mel entre mim e o Doxa seria consumada através da fotografia em ambiente privado que eu não aprecio cá mirones!
O que dizer do Doxa SUB 300T Professional?
Já conhecia o relógio, já o tinha experimentado, o namoro era antigo e adquirir um foi apenas a formalização do sim deste matrimónio. Tenho no entanto a sensação que rapidamente irei tornar-me bígamo Doxiano pois vários modelos povoam o meu imaginário ainda.
A verdade é que o Doxa SUB 300T também me despertou uma onda criativa de descoberta visual. Tinha agora todo o tempo do mundo para captar o meu novo relógio e decidi colocar mãos à obra através de uma sessão que há muito me apetecia fazer - usar uma lupa de relojoeiro e fotografar macro pormenores através dela e assim que consegui a primeira foto percebi que tinha potencial para ser uma sessão especial.
Cada imagem implicou a colocação dos elementos nos mais incríveis equilíbrios. A lupa estava constantemente a rebolar para fora de posição e o ângulo da lente tinha que ser alterado quase ao milímetro a cada mudança de enquadramento, acrescentando a tudo isto a iluminação e o controle da profundidade de campo.
Tinha noção de que ao fotografar através da lupa de relojoeiro iria perder nitidez e definição mas por outro lado poderia ganhar em reflexos e usar a distorção como elemento criativo.
Mais importante do que as fotografias foi este redescobrir mais pausado do Doxa SUB 300T para chegar à conclusão que tudo nele é sexy. A forma da caixa com o seu acabamento escovado e lateral polida. O anel exterior da luneta com o seu polimento negro que tanto permite que seja da cor do aço ou totalmente escurecido onde se destacam os números laranja em contraste com o anel interior de acabamento escovado circular.
As laterais da luneta com os seus característicos sulcos verticais para melhor atrito, a coroa com o delicioso pormenor laranja do peixe símbolo da marca ou o equilíbrio em diagonal do lettering no mostrador assim como o relevo das letras no exterior do fecho.
Tanta riqueza de detalhes fez as minhas delícias durante dois dias mas a verdade é que a “big picture” se começava a revelar de um modo surpreendente. Sempre que fotografei um Doxa anteriormente a preocupação era captar com nitidez os detalhes do relógio mas agora começava a perceber também que o poderia explorar de modo mais sombrio e focado na sensação transmitida pelas imagens do que na clareza de pormenores.
Com esse conceito em mente fiz uma segunda sessão onde tentei explorar essa vertente mais sombria com sub exposições propositadas e com o relógio no pulso. Procurei captar a sensualidade da forma, a maneira como o aço devolve a luz incidente num ambiente escurecido onde o laranja se destaca.
Umas das melhores coisas ao adquirir um relógio novo é poder descobri-lo fotograficamente. A criação e a captação de imagens é, como tal, a continuação do romance e da paixão por este pequeno objecto que escolhi como companhia diária no pulso. Não servirão, é certo, para mais nada do que satisfazer a minha vaidade pessoal mas como diz um amigo: há momentos em temos a liberdade nos poder sentir vaidosos.
Mesmo escondido debaixo da manga de um casaco a maioria do tempo, o Doxa SUB 300T traz-me felicidade enquanto objecto de medição da passagem do tempo e enquanto modelo fotográfico.
Bem, esta foi uma história que faz lembrar a da reunião que podia ter sido um email. Como tal aqui vai a versão curta e resumida:
Watch Garage representa Doxa - homem feliz!
Homem compra um Doxa - homem muito feliz!
Homem fotografa o seu Doxa - homem mega feliz!
PS: Se não tiverem paciência para tanta conversa aqui fica outra versão da história contada em 45 segundos e sem palavras!
